Como pode um quadro, um retábulo, uma música ou um espectáculo desenvolver o nosso conhecimento?



Admirar obras de arte é uma forma de compreender melhor o que os indivíduos produzem, e a realidade que narram. Segundo Goodman “Dom Quixote, tomado literalmente, não se aplica a ninguém, mas tomado figurativamente, aplica-se a muitos de nós”. Por isso, “ perguntar se uma pessoa é um Dom Quixote (quixotesca) ou um Dom Juan é uma questão tão genuína como perguntar se uma pessoa é paranóide ou esquizofrénica, é mais fácil de decidir”.
A arte opera de forma simbólica, não exacta e alegórica. Para melhor compreender as manifestações humanas, os historiadores e sociólogos preocupam-se pela arte de uma determinada época ou cultura.

Este blogue tem por objectivo dar a entender esta interacção entre a arte e o conhecimento, e de que forma as ostentações humanas repercutem-se ao longo dos anos e séculos.
O ponto de partida deste espaço, são os Séculos XVII e XVIII, nomeadamente pretende-se abordar a vida de uma corte, rodeada de riquezas, luxos, extravagâncias e exibições, e a repercussão estética-ideológica que esta deixou como herança nas gerações vindouras. Pretende-se assim analisar globalmente a antícope deixada por este movimento desde o seu apogeu até as réstias que se podem encontrar deste nos dias de hoje, tentando assim elaborar um paralelismo ideologicamente estético desde que surgiu o movimento social em si, até à nossa actualidade.

ESPAÇO- Europa da Corte

A Europa da Corte. O modelo de Versalhes

A corte era considerada o lugar onde se reuniam um círculo de pessoas que cercavam um grande senhor (príncipe, bispo, aristocrata…), nesse circulo de convívio, se reuniam a família, a criadagem, os homens de armas e outros que para ele trabalhavam e, ainda, outros grupos sociais como embaixadores, diplomatas, artistas e literatos, todos denominados cortesãos.

A grande corte régia, surgiu associada às tendências absolutistas do Antigo Regime, feita à semelhança da do rei Luís XIV, que a partir do seu palácio estabeleceu as vassalagens sociais da aristocracia através de um código de comportamento e de etiqueta, orientando-a para a obediência e culto à pessoa do rei, através de cerimónias e rituais próprios.
Através da troca de serviços e de subserviência, o rei concedia a esta sociedade pensões, cargos, doações e favores de vária ordem.
Assim, os nobres cortesãos faziam tudo para se tornarem prezados, disputando favores ou um simples olhar, pois todos ambicionavam um lugar o mais próximo possível do rei.

A corte, símbolo do poder real, exibiu luxo e pompa, um ambiente requintado de aparência sedutora que nutria uma nobreza acrítica, fútil e sem profissão, que ocupada por uma vertigem de diversões: festas e bailes galantes, sessões de leitura, representações teatrais com o ballet de cour, cerimónias e jogos esplendorosos, paradas, caçadas e coloridos torneios.
Avassalada pelas regras de etiqueta, a nobreza subsistia sentindo-se membro da casa real mas, vingando-se numa libertinagem de relações, escândalos e intrigas que contribuíam, muitas vezes, para a sua ascensão e/ou queda. Os homens pretensiosos e empoados, vestidos de sedas e ricamente adornados de laços, fivelas e diamantes, calçados com sapatos de tacão alto e acompanhados pelas suas belas damas, mais excêntricas ainda, cobertas de pó-de-arroz e perfumes, povoavam a corte e eram copiados pelos demais.

O palácio de Versalhes, apreciada como a cidade dos ricos, foi o cenário físico da obra de Luís XIV. Universalmente admirado albergou, e 1744, 10 000 habitantes.
Embora construído dentro do espírito barroco (fachadas, jardins, espelhos de água, pavilhões, terraços, cenários teatrais), é igualmente uma fortificação do classicismo pela regularidade, harmonia e simetria das suas formas.

3 comentários:

JPeG 12 de maio de 2009 às 01:41  

"Na Europa
O estilo barroco é de origem controvertida. Pode ter nascido na Itália, mas criou raízes na Espanha entre poetas e pintores do século XVIII. A literatura barroca chega a Portugal em um período marcado por grandes tensões e mudanças. Portugal e Espanha tinham um único rei. Com o desaparecimento de D. Sebastião (rei de Portugal), Felipe II torna-se herdeiro do trono e consolida a unificação da Península Ibérica. Surge, então, o mito do Sebastianismo, crença segundo a qual os portugueses achavam que D. Sebastião não morrera na batalha de Alcácer-Quibir, na África, e voltaria em breve para retomar o trono português.
Além disso, nessa época, Portugal atravessa uma série crise econômica. O comércio com as especiarias orientais decai e a economia portuguesa declina, uma vez que os lusos não contam com as riquezas das colônias conquistadas.
O século XVII apresenta a reação da Igreja contra as idéias do antropocentrismo difundidas pelo Renascimento e contra a Reforma Protestante, solidificada na Inglaterra, Holanda e regiões do Reno e do Báltico.
Esta reação da Igreja, na tentativa de recuperar seu poder, chamou-se Contra-Reforma. Foi um movimento caracterizado pela censura de textos e idéias, com decisões elaboradas a partir do Concílio de Trento, ocorrido em 1545 a 1563. A unificação da Península Ibérica dá condições à Companhia de Jesus de combater com mais vigor as idéias da reforma protestante. O ensino passa a ser atribuição dos jesuítas. Qualquer avanço no campo científico-cultural passa pela censura eclesiástica. Tudo isso fez com que a Península Ibérica não acompanhasse o progresso científico da Europa. Portugal manteve-se alheio às idéias de Galileu, Copérnico, Newton e Descartes. Entre essas descobertas estão as leis da mecânica e o processo de circulação do sangue no corpo humano.
Nesse clima de profundas transformações de ordem social, política, econômica é que se desenvolve a estética barroca. O Barroco reflete a tentativa de conciliar forças antagônicas: o bem e o mal, o espírito e a matéria, o céu e a terra, a pureza e o pecado, a razão e a fé.
No Brasil
Com a expansão do comércio, a economia mercantilista do Brasil-colônia, com toda a sua produção, volta-se para a Metrópole. A cana-de-açúcar, no Nordeste, atinge rapidamente seu apogeu, mas entra logo em declínio. Em Minas Gerais, a extração de minérios – outra fonte de riqueza – contribui para o desenvolvimento econômico.
Após a expulsão definitiva dos franceses (1615), ocorrem as invasões holandesas (1624 e 1630), e o Conde Maurício de Nassau administra as regiões ocupadas pelos holandeses (1637 – 1644). O Nordeste passa por rápidas mudanças culturais e econômicas, através do contato com os holandeses, até sua expulsão em 1654.
É nesse contexto que a arte barroca surge, influenciada fortemente pelas tensões de sua época.
As Artes
Na pintura, é clara a influência do conflito entre razão e fé. As obras de arte demonstram essa dualidade através do uso de contrastes, como claro e escuro, luz e sombra, além da exploração das idéias de profundidade e de intensidade dramática. Na arquitetura, o estilo é retorcido, cheio de detalhes, exagerado, refletindo o próprio conflito vivido pelo homem desta época. A arte renascentista, baseada no equilíbrio, dá lugar a uma arte mais intensa, emocional, envolvente, que expressa as emoções de forma passional.
O Barroco na Literatura
A designação de barroco chega a ser ambígua, quando se quer classificar esse estilo de época. Assim, barroco é sinônimo de bizarro. Esse termo, segundo a crítica das artes plásticas, é sinal de mau gosto, de coisa absurda.
Para efeitos didáticos, podemos dizer que o Barroco ou Seiscentismo – estilo literário do século XVII – inicia-se em Portugal em 1580 com a unificação da Península Ibérica e vai até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana.
A literatura barroca é fruto do conflito característicode sua época. Pressionado pela Igreja e pelo racionalismo, o homem perde-se entre dois pólos opostos: Igreja X pensamento renascentista / salvação X pecado / céu X inferno / espírito X carne / fé X razão. "

http://pt.shvoong.com/humanities/linguistics/915415-barroco/

Unknown 12 de maio de 2009 às 01:45  

"O Barroco será extravagância e artifício, perversão de qualquer ordem fundada, equilibrada: moral.
O barroco suprime aquilo que denota, anula-o:
o seu sentimento é a insistência do seu jogo."

Severo Sarduy

Debora Martins 12 de maio de 2009 às 04:05  

"O Barroco é abrangente e alastra-se sobre todas as artes: Literatura, Arquitectura, Pintura e Escultura.
Nas formas é grandioso e refinado. É complexo. É uma crítica a crises do período. É a resposta do povo às guerras e sofrimentos a que são expostos pelos governos absolutistas da época."

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