Como pode um quadro, um retábulo, uma música ou um espectáculo desenvolver o nosso conhecimento?



Admirar obras de arte é uma forma de compreender melhor o que os indivíduos produzem, e a realidade que narram. Segundo Goodman “Dom Quixote, tomado literalmente, não se aplica a ninguém, mas tomado figurativamente, aplica-se a muitos de nós”. Por isso, “ perguntar se uma pessoa é um Dom Quixote (quixotesca) ou um Dom Juan é uma questão tão genuína como perguntar se uma pessoa é paranóide ou esquizofrénica, é mais fácil de decidir”.
A arte opera de forma simbólica, não exacta e alegórica. Para melhor compreender as manifestações humanas, os historiadores e sociólogos preocupam-se pela arte de uma determinada época ou cultura.

Este blogue tem por objectivo dar a entender esta interacção entre a arte e o conhecimento, e de que forma as ostentações humanas repercutem-se ao longo dos anos e séculos.
O ponto de partida deste espaço, são os Séculos XVII e XVIII, nomeadamente pretende-se abordar a vida de uma corte, rodeada de riquezas, luxos, extravagâncias e exibições, e a repercussão estética-ideológica que esta deixou como herança nas gerações vindouras. Pretende-se assim analisar globalmente a antícope deixada por este movimento desde o seu apogeu até as réstias que se podem encontrar deste nos dias de hoje, tentando assim elaborar um paralelismo ideologicamente estético desde que surgiu o movimento social em si, até à nossa actualidade.

ARTE- La cérémonie Turque. Le Bourgeois Gentilhomme (1670)


Resumo da História da Peça de teatro


Esta peça de teatro é uma sátira social mordaz às ambições de grandeza dos novos-ricos que ambicionavam aparentar aquilo que não eram. É composta por cinco actos, o sr.Jordão, encarna o papel de protagonista, faz-se rodear de professores de música, de dança, de filosofia e de esgrima e enamora-se da marquesa Dorimena, que tem um namorado fidalgo mas pobre, Dorante. Esta por sua vez aproveita os devaneios do sr.Jordão para lhe extorquir dinheiro. A sra.Jordão começa a desconfiar e a filha Lucília a desesperar por o pai impedir o seu casamento com Cleonte, que não é fidalgo. Covilhete, criado de Cleonte, com o apoio de Dorante e a colaboração da sra.Jordão, monta uCor do textom imbróglio, fazendo passar Cleonte pelo Grão-Turco- Mufti- para que se possa casar com Lucília.

Começa a cerimónia turca, um dos intermezzos do IV acto, onde o Sr.Jordão é feito Mamamuchi, um título digno, por entre bailados, cantares e linguajares “à turco”, executados por bailarinos turcos-dervis; é a apoteose da folie. No V acto, dá-se o casamento de Lucília com Cleonte e de Dorante com Dorimena e a história acaba com um banquete e o bailado das Nações. A música e os bailados na forma de intermezzos estão integrados na acção.

Personagens da peça:
Sr.Jordão (pai)
Dorimena (marquesa)
Dorante (fidalgo pobre)
Sra.Jordão (mãe)
Lucília (filha)
Cleonte
Covilhete
Mufti (grão-turco)
Dervis
Bailarinos

A parte musical desta peça de teatro, é da autoria de Jean-Baptiste Lully , violinista e bailarino que foi nomeado compositor de música do rei. Esta peça de teatro enquadra-se no género da comédie-ballet.







Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673)



Jean-Baptiste Poquelin (Moliére), foi um dramaturgo, encenador e actor francês muito marcante na corte de Luis XIV, o seu patrono era Philippe I, Duke de Orléans, irmão de Luis XIV. É considerado um dos mestres fundamentais da comédia satírica, pois foi um profundo conhecedor dos defeitos do ser humano, criticava os costumes da época, e exortou o riso do público através dos seus retratos psicológicos dando a conhecer a sociedade da época através das personagens-tipo, criou o lema “ridendo castigat mores”.


A sua escrita revela um estilo expressivo que apresenta as liberdades da linguagem falada popular da época, acentua assim o grotesco, com um humor muito ousado e directo. É possuidor de uma graça espontânea, que vai desde os trocadilhos, aos escândalos, à maledicência em detrimento da oratória e da profundidade.

O controlo entre o público-destinatário e o poder que as suas peças exerciam sobre este, eram contornadas através da comicidade e do humor sagaz implementado pelos movimentos no palco, pelos cenários exuberantes e luxuosos, e pela fusão das diferentes artes (teatro, música, dança), esta panóplia de acontecimentos durante os actos, perturbavam a atenção focalizada do público somente nas críticas, o que fazia com que as peças fossem agradáveis. Este conjunto de elementos artísticos que despoletavam durante a peça de teatro, fazia com que estivessem presentes em palco um conjunto significativo de personagens.

A forma teatral que resultava deste conjunto de elementos, é o que hoje se denomina de teatro dentro do teatro, esta forma de fazer teatro foi criada por Molière, ou seja, os actores representam a peça, como se esta se trata-se de uma preparação prévia para o espectáculo e não como se esta fosse o espectáculo final.

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